quarta-feira, 1 de junho de 2016

Último Romance- Capítulo 05 - DEGUSTAÇÃO






“SEM PRESSA... O DESTINO JÁ ESTÁ ESCRITO E AS ALMAS SABEM QUANDO SERÁ O ENCONTRO.”
(Flávia Abib)

Passamos o sábado nos divertindo muito, entre sorvetes e refrigerantes e outras guloseimas, meus pais não permitem ela comer essas coisas, mas ninguém é de ferro, e me permito ceder aos pedidos da minha princesa. Voltamos para casa e ela foi tomar banho toda emburrada, vê se pode querer dormir suja, só sendo criança mesmo. ― Rio. ― Depois de colocar minha princesa na cama, conversei bastante com meus pais e fui dormir.
Por volta da 1h da madrugada, minha mãe me chama para levar minha boneca ao pronto socorro, pois ela não parava de tossir e estava começando a ter dificuldade na respiração, no fundo me dá uma ponta de culpa por ter a deixado tomar sorvete, mas minha mãe trata logo de falar:
― Filho tire essa preocupação, pois vez ou outra ela fica assim, só que hoje está um pouco pior, mas fique despreocupado que logo que tomar a medicação vai passar. Troco de roupa em tempo recorde, pego minha princesa e a coloco na cadeirinha no carro, pois ela só tem três aninhos.
Mesmo angustiado, eu mantive a calma e dirigi com prudência, chegando no hospital o pediatra examina a Stella e solicita alguns exames, minha mãe segue com ela e me entrega suas coisinhas, só agora percebi que minha pequena anda com muitas coisas pra cima e pra baixo, dou uma olhada nos objetos e os guardo no bolso, seguindo até a cantina para tomar um café enquanto aguardo elas retornarem.
Ando pelos corredores olhando o ambiente quando de repente me deparo com uma porta onde está escrito “não perturbe”, acho meio estranho e a curiosidade fala mais alto, olho para um lado e para o outro, para ter certeza que ninguém me veja, vou abrindo a porta devagar e vou entrando aos poucos, o quarto é diferente dos outros, a iluminação é diferente e no fundo ouço uma música bem tranquila, quando levanto minha cabeça, deparo-me com uma figura feminina deitada na cama, aparentemente está em estado bem delicado, possui muitos fios ligados ao seu corpo.
Vou me aproximando e paro ao seu lado, fico encantado, ela é linda. Morena, cabelo cacheado, seus olhos serrados serenamente, uma mulher linda, apesar do seu estado abatido, mas permanece encantadora, me aproximo, quando vou tocar em seu rosto, levo um susto, ao ver uma enfermeira de pé, na porta, ela entra e fala:
― Senhor, não pode entrar aqui, esta sala é uma UTI improvisada, nesta hora o alarme toca do lado de fora e ela diz que médico vem ver como de costume e eu posso esperá-lo para saber mais sobre o estado dela, em seguida sai. Fico olhando para aquela mulher linda, nessa cama e penso no que tinha lido em seu prontuário, já fazem três meses que está aqui e ninguém veio te ver, nem te procurar. Como seria sua vida antes?
Meu coração apertou e fico pensando o quanto é triste vê-la desamparada e largada neste hospital, não penso duas vezes ou nem sei se pensei nesta hora, coloco a mão no bolso e tiro um dos objetos que a Stella carregava, um anel, e coloco em seu dedo anelar direito e digo em seu ouvido: Lute para viver, seja forte, pois quando despertar, estarei aqui para te receber!!!
Falo isso e beijo sua mão, quando estou me afastando sinto a sua mão apertando a minha, e quando olho para ela, está com os olhos abertos e me olhando. Nesta hora meu mundo parou, senti uma onda de adrenalina tomar conta do meu corpo e por um momento ficamos nos olhando, ambos sem esboçar reação alguma. Vou me aproximando dela e quando estou bem próximo, a porta se abre e eu fico sem saber o que fazer ou dizer.









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