“DIA DESSES EU, SEPARO UM TEMPINHO E PONHO EM DIA TODOS OS CHOROS QUE NÃO TENHO TIDO TEMPO DE CHORAR.”
(Carlos Drummond de Andrade)
GEANE
Eu não acredito
no que eu estou vendo! Depois de cinco anos nos encontramos por acaso no
hospital, e mesmo depois de todos esses anos eu percebo que ainda o amo. Mas
esse amor não pode permanecer ele me abandonou grávida e o pior foi que fiquei
desamparada tanto pelos meus pais quanto por ele.
E agora ele está
bem aqui em minha frente e eu nem sei o que fazer vê-lo com Alicia em seus
braços me fez perceber o quanto minha filha é carente de carinho e afeto. Sei
eu é egoísmo da minha parte privá-la de conviver com o pai, mas ele não foi
homem suficiente para me assumir e cuidar de nós duas. Então se ele quiser ter
algum contato com Alicia terá que rebolara bastante, mas de mim ele não terá
nada.
- Stella, você pode me deixar conversar em particular com
ele, por favor?
- Eu vou mais qualquer coisa grite, eu estarei em meu
quarto com Alicia e Heitor.
- Pode me explicar o que você está fazendo em
minha casa? E com que direito você vem aqui e ainda por cima coloca minha filha
nos braço?
- Nossa filha! Neste
momento meus olhos enchem de lágrimas ao ouvir ele se referir dessa maneira ao
falar de Alicia, se fosse antes até me alegraria mais hoje sinto tristeza.
- Nossa uma pinoia seu desgraçado! Digo já gritando e avançando pra bater nele quem sequer se move do lugar
ou se defende.
- Você é um cretino, no momento em que eu mais precisei
de ti viraste as costas pra mim. Fiquei sem chão porque até meus pais me
abandonaram se não fosse tia Lara eu iria pra debaixo da ponte grávida por que
nem um centavos meus pais me deram. Ele
me lança um olhar de espanto, mas eu não me comovo, hoje eu sou diferente da
boba apaixonada de 5 anos atrás.
Ele vem se
aproximando e a distância entre nós cada vez diminui mais.
- Eu não sabia que você morava aqui, eu vim apenas
acompanhar Heitor. Esse tempo todo eu não parei de pensar em vocês depois da
nossa conversa.
- Deixa de drama você nunca nos procurou de coração, por que se tivesse
mesmo preocupado com nós movia céus e terra a nossa procura.
- Eu estou arrependido, muito mesmo e principalmente
depois de conhecer Alicia e perceber o quão adorável é minha filha mesmo a
conhecendo pouco vejo uma doçura imensa herdada de você.
- Doçura essa que foi perdida no momento em que eu me
deixei levar pelas suas lábias. EU TE ODEIO.
- Eu realmente estou arrependido. Ele diz com a voz embargada.
- Será que você nunca errou e se arrependeu de algo na
vida?
- Sim! De ter te conhecido, me arrependo amargamente.
- Mas se não fosse por mim você jamais teria Alicia.
- Vejo que continuas o mesmo prepotente de sempre.
Ele vem se
aproximando e cada vez a distância entre nós vem diminuindo e eu vou ficando
sem forças e minha respiração fica acelerada e isso não é um bom sinal.
- Eu nunca te esqueci.
- Pois trate de esquecer, de mim você só terá desprezo.
- Me deixa ficar perto de vocês?
- Você bebeu?
- Não por quê?
- Você viu o que acabou de me pedir? Ficar perto de mim e
de Alicia, pra depois que cansar de brincar de casinha nos abandonar, e deixar
minha filha com o coração partido e eu que terei que corrigir suas merdas? Não
obrigada! Dispenso sua companhia de boas intenções o inferno está cheio.
- Será que você nunca irá acreditar em meus sentimentos?
- Eu juro que tentei mais está sendo difícil, será que
esses anos você não se perguntou como estava sua filha? Estava-se viva ou
morta, se estava na escolinha e sabe o que me dói mais? As datas comemorativas
principalmente o dia dos pais onde as crianças sempre fazem seus presentes e
tem as apresentações na escola em homenagem a eles, você sabe o que é uma
criança chegar pra você e perguntar por que todos seus coleguinhas têm pai e
ela não e se tinha por que ele não gostava dela. - Não consigo mais falar, pois as lágrimas já tomaram conta de meu ser e
é inevitável segurá-las e dou lugar ao pranto e só então percebo que ele está
me abraçando e chorando comigo.
- Me perdoa eu não imaginei que você passou por tudo isso
sozinha.
- Como você ia imaginar se sempre foi um orgulhoso que só
olha para seu próprio umbigo.
- Você sabe que foi um erro que eu cometi ao me afastar
de vocês, mas agora estou disposto a mudar e merecer o perdão de vocês e cuidar
para que nada falte para nem uma das duas.
- Ei! Pode parando agora mesmo, ainda nem resolvi se vou
deixar você se aproximar de minha filha e se isso vier acontecer teremos
horários e o seu contato será só com ela.
- Você esqueceu-se de mim assim tão rápido. Dou uma risada e ele me olha espantado.
- Chega até soar estranho isso que estas falando, se
ainda não percebeste já se passaram cinco anos e muitas águas já rolaram.
- Eu não quero outro homem perto de minha filha.
- Devias ter pensado nisso antes.
- Se você fizer isso eu tomo Alicia de você.
- Você não faria isso, ela é tudo o que eu tenho.
- Então não pague pra ver.
- Erick eu te odeio e se depender de mim a Alicia nunca
irá saber que você é o pai dela. - Falo
gritando e só então percebo ele olha pra trás de mim espantado e só então a
ficha cai e vejo Alicia nos olhando com seus olhinhos cheios de lágrimas.
- Mamãe!
- Oi minha boneca.
- Esse moço é meu papai? - Tenho vontade de dizer que não mais minha filha foi privada durante
cinco anos de ter por perto um pai e não será por causa de nossos
desentendimentos que irei privar ela do que é dela por direito.
- Venha aqui no colo da mamãe.- Ela vem e eu a pego no colo beijando suas bochechas e cheirando seus
cabelos.
- Você sempre dizia a mamãe que queria ter uma papai
igual as suas coleguinhas não foi?
- Foi, e a senhora ficava triste quando eu perguntava.- Meu coração dói só de saber que até minha
filha já percebeu o quanto ele me afeta.
- Pois
bem, se eu te dissesse que ele é seu papai você iria gostar?
- Ele vai me levar para escolinha?
Ele que até o
momento nem sequer se mexeu veio até nós e sentou ao meu lado no sofá e Alicia
escondeu seu rosto em meu pescoço.
- Oi menina linda. - Ela
não responde e se agarra ainda mais comigo.
- Alicia meu anjo, você queria tanto um pai e agora que
ele está aqui você vai ser mal educada filha. - Ela vai levantando a cabeça aos poucos e a sento em meu colo mais
ainda desconfiada.
- Você quer que eu te leve na escola?
- Sim, uma menina na minha escolinha disse que eu sou
feia e por isso não tinha pai. - Meu mundo desaba
disso eu não sabia minha filha sofrendo na escola e eu não sabia. Alicia a essa
altura chorava e eu não consegui conter também as minhas lágrimas.
- Ela mentiu Alicia, você é linda eu que fiz uma coisa
muito feia e preciso que você me perdoe. - Ela levanta do meu colo e vai para o colo dele
e sinto um pouco de ciúmes.
- Você e muito bonito parece um homem que eu vi na
novela, mas o que você fez de errado? Mamã sempre diz que se eu fizer algo de
errado mais logo me arrepender ela esquece, se você está arrependido eu te
desculpo.
-
Muito minha filha, eu estou muito arrependido o que eu fiz não tem
justificativa mais eu quero reparar o meu erro.
- Eu te desculpo papai. - Fico pasma com ela o chamando de
papai e ainda beijando o seu rosto, só ai percebo o quanto minha filha precisa
dele ao seu lado. Ele fica tão espanto que vejo lágrimas escorrendo pelo eu
rosto e Alicia limpando com suas mãozinhas.
Fico comovida com
essa cena, eu nunca imaginaria que chegaria a ver os dois assim agarrados como
pai e filha. Eles estão tão envolvidos em uma conversa que nem notaram que eu
já não estou mais na sala com eles, fico feliz que agora finalmente ela terá um
pai mais ele não irá passar disso o pai de minha filha.
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STELLA
Guio Heitor e ele
fica surpreso com minha agilidade em me locomover dentro de casa.
- Você sempre anda assim dentro de casa?
- Assim como?
- Rápido sem esbarrar em nada.
- Nem pense que sempre foi assim, no começo eu vivia toda
roxa mais com o tempo me acostumei. Bem chegamos ao meu quarto fique a vontade
e me diga o que veio fazer aqui.
- Seu quarto é muito lindo.
- Obrigada, agora me responda o que você veio fazer aqui.
Me chamar de irresponsável de novo?
- Eu não falei aquilo por mal apenas estava...
- Sendo arrogante preconceituoso eu sei.
- Ei! Não ponha palavras em minha boca
- Vamos ser realistas uma pessoa feito você não costuma
se enganar pelo o que eu percebi e se você me tratou daquela maneira poe ter
certeza que és sim preconceituoso.
- O que você quer dizer com uma pessoa como eu?
- Rico, arrogante e lindo.
- Como sabes que eu sou lindo?
- Bem... A Alicia me falou e Geane também.
- Quer dizer que você anda falando com elas sobre mim.
- Não seja tão presunçoso apenas queria saber quem era o
mal amado que se acha dono do mundo.
- Eu realmente não vim aqui pra ser destratado dessa
maneira Stella eu vim na paz.
- Me desculpe, estou sendo rude contigo. Todos erramos
mais o importante é o arrependimento.
- eu apenas vim me desculpar pela maneira que te tratei
mais no dia do acidente te falei que você não deveria andar só pelas ruas isso
eu não me arrependo de ter falado.
- Eu não posso ficar dependendo das pessoas o tempo todo.
- Se continuar dessa maneira vai causar outro acidente.
- Por favor, vai embora e me deixa em paz Heitor.
- Me desculpa, acabei de falar besteira.
- Acho melhor você ir, essa sua visita só esta me
trazendo problemas.
- O que você está fazendo comigo Stella?
- Não estou entendendo?
- Desde aquele maldito acidente não paro de pensar em ti.
Sou pega de
surpresa pela sua revelação e sinto-o se aproximando, pois o seu cheiro vai
ficando cada vez mais intenso em minhas narinas. Suas mãos tocam meu rosto e eu
automaticamente levo minhas mãos ao seu e vou
tocando e o conhecendo com minhas
mãos. Quando de repente sou surpreendida pelo seus lábios tocando o meu , no
começo me assusto mais vou me deixando levar até perceber sua língua pedindo
passagem em minha boca e eu vou recebendo ela e sentindo um gosto de menta bem
refrescante e nosso beijo vai se intensificando até que ele para e me segura
pelos ombros.
- Stella me perdoe isso não devia ter acontecido, foi um
erro.
- Por quê?
- Somos muito diferentes
e no meu mundo você só iria sofrer.
- É por que eu sou cega não é? Ele não responde.
-
Fala Heitor! Grito e as lágrimas vão descendo.
- Sim Stella, é
por que você é cega.
- Me larga Heito! EU TE ODEIO! Vai embora agora e nunca
mais volte. Sinto-o se afastando e vou
escorregando pela parede até alcançar o
chão e deitar ali mesmo em posição fetal. Sinto braços me acalentando e percebo
ser minha amiga e eu pranto só aumenta.
- Ge... Geane.
- Shii, não fala nada minha amiga eu ouvi tudo.
- Ele rejeitou por que sou cega.
- Não! Ele te rejeitou por que é um covarde e não te merece.
- Ele disse que foi um erro.
- Não se preocupe ele vai arrepender-se por ter te
tratado desta maneira. -Choro bastante no colo de minha amiga até
ser vencida pelo cansaço e me entregar ao sono.
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